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Processo seletivo
Antes do Mercado Financeiro

Postura será o seu maior ativo no começo da carreira
Especialmente no começo de carreira quando as pessoas são menos experientes, os CVs mais vazios e os candidatos têm menos histórias (e diferenciais) para contar, o seu comportamento pode ser o seu maior ativo (ou maior pesadelo).
Em primeiro lugar, saiba o que você quer. Saiba descrever o que lhe atrai naquela oportunidade e naquele empregador. Buscamos pessoas bem resolvidas, que fizeram a lição de casa e que estão tomando uma decisão inteligente que não irá mudar nos próximos 2-3 meses.
O mais importante em uma entrevista: seja empático. Foque no que você tem para oferecer, não no que você quer tomar. Várias vezes eu pergunto para um candidato por que eu deveria contratá-lo e a resposta é “eu isso”, “eu aquilo”, “eu quero, vou, preciso”. Incorpore na sua resposta o lado do entrevistador e vá muito mais longe.
Especialmente quando o curriculum é magrinho, seu principal diferencial será o seu comportamento. Tenha empatia, seja você, pergunte o que você precisa para tomar uma decisão, inclusive sobre remuneração. E lembre-se de ouvir a pergunta do entrevistador!
Seja você mesmo
Tentar ser uma pessoa diferente é uma enganação. Conseguir uma vaga pelas razões erradas terminará em decepção, provavelmente para você e para o empregador. Ser autêntico possibilita que o entrevistador faça uma oferta para você com base nas razões certas, que terão as maiores probabilidades de sucesso no médio e longo prazo.
Ouça e responda a pergunta
Responda prontamente, de forma direta sem maiores elocubrações. Responda de forma direta mesmo se você não gostar da sua resposta – faz parte! Se não souber, diga que não sabe – também faz parte! Uma vez respondida de forma direta e resumida, você pode explicar ou elaborar se achar necessário. Normalmente não será!
A entrevista deve ser uma via de duas mãos
Pergunte sobre o cargo, sobre a empresa, sobre o setor, e sobre as pessoas. Pergunte tudo que você precisa saber para tomar uma decisão a respeito daquela oportunidade. Não pergunte por perguntar, não pergunte para agradar o entrevistador. Faça perguntas legítimas, que despertam o seu interesse genuinamente.
Remuneração é importante, não tenha vergonha de falar sobre isso
Mas saiba para quem perguntar e evite discutir essas questões com seus pares e subordinados. Recomendo objetividade e discrição neste assunto para não parecer que o principal fator de decisão seja salário (a não ser que de fato seja). Se o seu principal fator de decisão for salário, você tem boas chances de não conseguir ser selecionado pois o recrutador irá assumir que você sairá da firma por qualquer salário 20% maior.
Positividade
Seja o candidato que você gostaria de contratar! Entre no processo seletivo, seja você, dê o seu melhor e reze.
Importante entrar na reunião como um vencedor ou vencedora. Empolgação é contagiante, deixe sua marca. Vejo algumas pessoas entrando em reuniões ou entrevistas meio cabisbaixas, desanimadas... e não têm como sair de um processo seletivo vencedor com essa atitude. Entre como um vencedor.
Transforme um defeito em algo positivo. Uma das piores perguntas que sem dúvida farão para você é “conte-me três defeitos seus”. Resista a vontade de dizer que você não consegue se controlar quando te fazem uma pergunta imbecil. E não diga que você é perfeccionista, mesmo se você for. A saída para essa pergunta é responder com um defeito cuja justificativa se transforme em uma qualidade. Por exemplo, meu defeito como professor é ter uma linguagem e atitude mais casual e menos formal. Mas eu acho que faz sentido porque essa atitude me aproxima dos meus alunos, me coloca mais a sua altura e representa um posicionamento mais acessível.

Como se diferenciar
A oferta de vagas no Mercado Financeiro varia conforme o ambiente macroeconômico, mas a demanda é sempre crescente e os candidatos chegam cada vez mais preparados. Antes de se diferenciar, você tem que se qualificar para a posição que você está buscando – não inverta a ordem! Diferenciar-se em processos seletivos é menos complicado do que parece, mas para sua sorte, poucos fazem.
O primeiro passo para se diferenciar em um processo seletivo é entender com quem é a sua competição. E a sua competição não é com seu colega de sala, mas você compete com todo o mercado! Inclusive aqueles mais sênior que você, de faculdades melhores e piores que você, com e sem experiência, com e sem privilégios. Alguns
candidatos estarão, inclusive, dispostos a dar um “passo para trás” na carreira, outros a sacrificar salário por uma oportunidade. Parece uma competição injusta à primeira vista.

Mas a variedade de perfis de candidatos não torna a competição injusta pois cada empregador busca algo específico que se alinha com suas necessidades e valores. Há quem prefira candidatos experientes, enquanto outros preferem treinar pessoas sem vícios. Uns investirão nos candidatos mais preparados, outros valorizarão candidatos mais comprometidos que dariam tudo por uma oportunidade. Todo mundo tem pontos fortes e fracos! Saiba qual é qual.

Se você for um recrutador (todos serão um dia... então não descarte essa discussão tão prontamente), saiba avaliar o candidato pelo que ele é. Um candidato formado há dois anos será mais maduro que um candidato que está nos primeiros anos de faculdade. Seja objetivo na sua busca e não faça comparações injustas. Ajudará bastante saber que tipo de talento complementará a equipe.

Em um processo de seleção competitivo, não basta ser diferente. Para começar, ser diferente não é necessariamente bom. Sua prioridade é se qualificar para a posição mostrando que você atende aos requisitos esperados para aquela função.
Em um processo competitivo, você quer ser extraordinário. Uma vez qualificado, sua prioridade é superar a concorrência e se tornar a primeira opção para a vaga. Quanto mais você souber sobre a vaga e a carreira, a empresa e sua cultura, e as pessoas envolvidas no processo seletivo, mais fácil será para você descobrir como você pode se destacar.

Antes de se destacar, faça o básico bem-feito. Muitos candidatos erram a mão quando tentam fazer coisas extraordinárias antes de se qualificarem para a vaga. É o candidato que acha boa ideia mandar para o entrevistador uma análise setorial que não foi pedida (e ninguém vai ler), mas não sabia quanto estava a taxa de juros ou não soube dar exemplos de transações que aconteceram naquele ano.

Assista ao vídeo e aprenda a contornar uma das perguntas mais difíceis feitas em uma entrevista
Por que eu não deveria te contratar?
Algumas pessoas, erradamente, testarão os seus limites. Outras tentarão lhe jogar para baixo. Em uma entrevista, perguntaram para um amigo qual tinha sido a pior decisão que ele tinha tomado na vida dele. Antes de ele responder, o entrevistador refez a pergunta: “desculpe, qual foi a segunda pior decisão que você já tomou na sua vida, depois de escolher essa gravata para vir a essa entrevista”.
Algumas lições dessa experiência:
Responda qualquer coisa. O certo seria ignorar a pergunta, mas você não quer que ele diga que você se recusou a responder uma pergunta dele. Dance conforme a música.
Não se deixe abalar. Saia com elegância, sem conflito. Não daremos para o entrevistador o que ele quer, certo?
Uma “estrategista de carreira” fez o seguinte post nas mídias sociais:
Ela pergunta:
Hey Susana, welcome! Can you tell us a little bit about yourself and what made you want to apply for this position?
Susana responde:
Sure! First of all, thank you so much for this opportunity. I am a motivated and results-driven individual who is passionate about continuous growth and learning. My career spans various industries, showcasing adaptability and strong problem-solving skills. I prioritize a positive and collaborative work ethic, and I am confident in my ability to contribute significantly to this company, to this team, and this organization will be of an asset to you.
Deixaremos de lado algumas questões de inglês e estilo gramatical que são problemáticos.
A pergunta não é boa porque é muito ampla. “Diga-me algo sobre você” pode ir para qualquer lado, não é uma pergunta que se faz em uma entrevista. Mas consigo ver uma pergunta assim para abrir a conversa e quebrar o gelo, ou seja, se a pergunta vier, não será uma pergunta importante.
A resposta é péssima. Apesar de ter vários adjetivos interessantes como motivado, orientado por resultados, e muitos outros mais, a resposta está muito mecânica. Parece que o candidato decorou aquele texto cheio de palavras de impacto. Um
bom entrevistador reconhece respostas enlatadas, construídas por um terceiro,artificial e forçada. Ainda pior, no final da resposta, não sabemos nada do candidatoe porque ele se interessou pela posição.
Conclusão: não busque uma receita de bolo. Entenda como um processo seletivofunciona e adapte sua abordagem para construir uma conexão real com oentrevistador e a empresa que você almeja trabalhar.
Avalie se você quer mesmo trabalhar nesse lugar. Descubra se é o caso desse entrevistador estar em um mau dia, ou se essa é a cultura do lugar (no caso acima, era a cultura do lugar – sorte minha, pois o candidato veio trabalhar no meu time e se tornou um amigo)
Esse tipo de pergunta diz mais sobre o entrevistador do que sobre o entrevistado. Quando você for o entrevistador, não faça isso!
Divirta-se na entrevista, aproveite o processo seletivo. Entendo que é um processo desgastante, e muitas vezes frustrante. Mas se você está se sentindo assim é porque não chegou ao final. No final dará tudo certo! Traga sua positividade para o processo seletivo – você não irá se arrepender.